O antigo ciclista francês Bernard Hinault, vencedor de cinco edições da Volta a França, disse nesta quarta-feira, em entrevista à agência AFP, que se recusa a falar e sequer a cumprimentar o norte-americano Lance Armstrong.."Se eu o encontrar hoje eu não falo com ele. Eu nem sequer lhe direi: bom dia!", afirmou o vencedor do Tour em 1978, 1979, 1981, 1982 e 1985, nas vésperas de completar 60 anos, aludindo ao texano, que foi desapossado de sete triunfos na"Grande Boucle"..Hinault, que reconheceu ter "uma vida de sonho", diz que a modalidade tem uma reputação injusta que "fere todos os que amam o ciclismo".."Têm de olhar para todos os desportos. O ciclismo não é mais podre do que os outros e as pessoas estão sempre a implicar com o ciclismo", lamentou..Hinault assegurou ainda não ter arrependimentos sobre a sua carreira, durante a qual conquistou ainda três edições da Volta a Itália (1980, 1982 e 1985) e duas da Volta a Espanha (1978 e 1983).."Se amanhã me disser que tenho 20 anos e posso começar tudo de novo, eu faria tudo da mesma forma. Eu tive uma vida de sonho, gostaria que todos pudessem ter uma vida como a minha", referiu..O momento do abandono também foi devidamente preparado e decidido seis anos antes de completar 32.."Eu parei a 11 de novembro e fizemos uma grande festa, não um funeral, e a 19 já estava a trabalhar para a ASO [organizadora do Tour], sublinhou o antigo corredor..Isto apesar de esta decisão ter significado nem tentar uma sexta vitória na "Grande Boucle".."Poderia ter sido mais feliz se tivesse corrido mais dois anos. Eu poderia ter vencido o Tour outra vez. Mas não estou arrependido", salientou Hinault, que recordou a sua rivalidade com o norte-americano Greg LeMond, com o compatriota Laurent Fignon e, particularmente, com o holandês Joop Zoetemelk, e assegurou lembrar-se de todas as corridas que disputou.